Maior preocupação dos obesos do Rio de Janeiro é pegar coronavírus e ficar sem dinheiro 2021-08-28T16:36:43+00:00

Imprensa

Março de 2020

 

Maior preocupação dos obesos do Rio de Janeiro é pegar coronavírus e ficar sem dinheiro

Estudo coordenado pelo médico Cid Pitombo, do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica, entrevistou 240 pacientes entre operados e em acompanhamento pré-cirúrgico. Apenas 3 relataram terem contraído COVID-19 (1,25%). E 67% disseram que estão desempregados

Apesar de fazerem parte de um grupo de risco importante em tempos de pandemia da Covid-19, pacientes obesos e recém-operados em tratamento durante a quarentena têm mostrado boa resistência ao novo coronavírus. É o que revela estudo quantitativo e qualitativo feito com 120 pacientes operados entre janeiro e março de 2020 e outros 120 que ainda não passaram pelo procedimento, mas já tiveram o primeiro atendimento dentro do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica do Hospital Estadual Carlos Chagas, no Rio de Janeiro. De todos os participantes que responderam a um questionário de 27 perguntas elaboradas para avaliar o impacto psico/econômico/social da doença nesta população, apenas três relataram terem sido contaminados (1,25%) pela Covid-19. E nenhum deles precisou de internação. Também nos três casos, os pacientes infectados não estavam em confinamento. Dois eram recém-operados e trabalham na área da saúde e um é do grupo de acompanhamento pré-cirúrgico e manteve idas regulares ao trabalho durante este período de pandemia.

A maior preocupação dos pacientes no período foi adoecer (58%), seguida da falta de dinheiro (38%). Em relação às questões econômicas, 92% relataram que estão satisfeitos com as informações das autoridades; 67% estão desempregados e 13% passaram a receber o auxílio governamental.

“A importância de identificar essas variáveis em Obesos Mórbidos (OM) operados ou em tratamento em um hospital público, nos possibilita avaliar melhor qual é o risco de infecção nessa população, dita de risco, bem como o impacto da quarentena”, analisa o médico Cid Pitombo, mestre e doutor em Cirurgia, coordenador do Programa do estudo, ressaltando a importância do acompanhamento médico de pacientes com comorbidades como a obesidade no enfrentamento do novo coronavírus, especialmente no caso dos de baixa renda, como os atendidos no Carlos Chagas.

O levantamento apontou que 73% dos pacientes se mantiveram isolados no período de distanciamento social decretado no Rio de Janeiro. Do ponto de vista da saúde mental, 34% contam ter sentido ansiedade e 45% disseram ter medo do vírus. Apenas três pacientes mencionaram depressão e não houve nenhum relato de tentativa de suicídio.

“Em alguma medida, nos surpreendeu a baixíssima incidência de coronavírus nessa população tão vulnerável, demonstrando claramente que as orientações que passamos no nosso Programa, bem como das autoridades públicas e veículos de comunicação, foram eficientes para o importante isolamento deles, e deu resultado”, destaca o médico Cid Pitombo.

A amosta – Para a pesquisa, foram avaliados 240 prontuários de pacientes que, contatados por telefone, puderam responder ao questionário. Dos que participaram,  75% eram mulheres e 25%, homens. O Índice de Massa Corporal (IMC – peso dividido pela altura ao quadrado) médio desses pacientes é de 46. O dr Cid Pitombo explica que esse IMC elevado se dá porque os casos de super obesidade são mais comuns no SUS – e a idade média, de 46 anos (variando entre 25 e 63 anos). As comorbidades mais frequentes dos pacientes ouvidos são hipertensão (63%) e diabetes (39%).

A maioria (57%) dos pacientes é de moradores da cidade do Rio de Janeiro e 43% de outros municípios do Estado, de diversas regiões, demonstrando a grande abrangência desse programa Estadual e o equilíbrio em atender tanto a cidade do Rio de Janeiro quanto os outros municípios, de forma proporcional.

Maior serviço deste tipo no SUS – O Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica, coordenado pelo dr Cid Pitombo no Hospital Estadual Carlos Chagas, atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) de todos os municípios do estado. Por mês, são realizadas 40 cirurgias, todas pelo acesso videolaparoscópico, que é minimamente invasivo. Até o momento, mais de 3.200 pessoas já foram operadas pelo projeto do Governo do Estado em 9 anos.