Sentir prazer ao ingerir legumes e verduras deve ser a meta de todos 2022-03-29T18:20:25+00:00

Imprensa

Setembro de 2021

 

“Sentir prazer ao ingerir legumes e verduras deve ser a meta de todos”

Dr Cid Pitombo vai para o Vila Nova Star

O médico cirurgião PHD em cirurgia bariátrica Cid Pitombo passa a integrar a equipe de especialistas do hospital Vila Nova Star, da Rede D’Or, em São Paulo. Com mais de 5 mil cirurgias bariátricas realizadas em 22 anos de atuação, o médico carioca projeta crescimento da demanda para cirurgias bariátricas e tratamentos para obesidade, sobretudo após a pandemia de Covid-19, que evidenciou os riscos das doenças associadas à obesidade, sobretudo diabetes e hipertensão. No Rio, continua em sua clínica particular.

“Sentir prazer ao ingerir legumes e verduras deve ser a meta de todos”

O especialista em cirurgia bariátrica, Dr Cid Pitombo, é taxativo ao afirmar que o acúmulo de gordura no organismo não é resultado apenas de má alimentação, e vem de uma combinação genética que faz com que alguns retenham mais gorduras do que outros. Mas não deixa de enfatizar também que o prazer de se alimentar bem deve entrar na rotina de todos desde criança para virar hábito, lembrando ele que boa comida é arroz, feijão, legumes, verduras e frutas. Abaixo, nessa entrevista, o médico fala de obesidade, estigmas, boa alimentação e cirurgia bariátrica quando é a solução.

1 – O Brasil está entre os países com mais pessoas obesas. Como o senhor avalia o volume de cirurgias bariátricas realizadas no Brasil com relação a outros países?
O Brasil está entre os países que mais opera no mundo, mas na medicina privada. O volume de cirurgias é bem grande, mas não atinge o sistema público como um todo. Há vários estados que não ofertam bariátricas pelo SUS. É uma população que sofre com a má alimentação e não consegue se tratar.

2 – O senhor acha que ainda existe preconceito ou desconhecimento quanto aos alimentos que um bariatriacado pode ingerir?
Quando bem operado, bem indicado, a alimentação do bariatricado não tem muitas restrições. O volume de alimentos que passa a ingerir é menor sim, mas nada tão restritivo. Gradativamente, quem opera vai aumentando a quantidade de comida até o limite considerado normal. Meus pacientes comem mais ou menos a mesma quantidade do que eu que nunca operei.

3 – E quanto à cirurgia em si, os métodos e a recuperação pós cirurgia, o medo ainda afasta pacientes?
A bariátrica foi autorizada há 30 anos. O by pass, a gastroplastia, é a técnica padrão ouro, que traz melhor resultado, e é muito bem estabelecida. Nós pegamos apenas uma parte do estomago e mantemos funcionando ligada diretamente ao duodeno. O restante continua no corpo da pessoa. Essa técnica, feita por um cirurgião bem treinado é muito segura, com excelentes resultados e é a menos invasiva, sobretudo combinada com videolaparoscopia. Outra grande vantagem do by pass é que é reversível. O receio hoje é muito menor que há 22 anos quando comecei.
4 – Como um obeso pode reconhecer que ele é um paciente elegível à cirurgia? É pelo peso atingido e pelo tempo que fica sem emagrecer?
Quem tem o IMC acima de 35, com comorbidades associadas como diabetes, pode ser que consiga operar. O IMC obtém-se dividindo o peso pela altura ao quadrado. Já quem tem IMC acima de 40 já tem o critério de indicação, mesmo sem comorbidade associada. Mas qualquer paciente deve ser muito bem avaliado antes de se decidir se deve ou não ser operado.

5 – É possível um obeso mórbido emagrecer sozinho, apenas com exercícios e dieta? Qual a chance de isso dar certo?
É possível, mas todos os trabalhos mostram que não passam de 10% os que conseguem emagrecer e ainda depois manter o baixo peso o um percentual é menor ainda. Não há tanta longevidade nessa perda de peso. Quando fazemos a bariátrica, reduzimos a absorção de alimentos, e também provocamos alteração nos hormônios que estão relacionado à fome e saciedade. Fica muito mais fácil emagrecer.

6 – Como equipes multidisciplinares atuam para melhorar a saúde mental do obeso? É possível controlar uma compulsão antes de uma cirurgia?
O paciente precisa ter compreensão das mudanças. Uma avaliação psicológica é um dos fundamentos que pode até contraindicar uma cirurgia. Em alguns casos é possível reverter essa dificuldade. Mas dependendo da saúde mental, a cirurgia pode não ser realizada.
7 – Todas as pessoas engordam porque ingerem muito mais calorias do que gastam? Ou há casos de pessoas que comeram pouco e também se tornaram obesas mórbidas?
“O pior estigma é achar que todo gordo se entope de comida. Esse é um dos grandes mitos com relação à caloria. Não dá apenas para se relacionar o quanto se come e quanto se gasta. Na academia, afirma-se: vai correr x minutos, na velocidade z e vai gastar z de calorias na esteira. Mas não é bem assim. Gasto calórico é muito complexo. Não existe essa conta. Isso não existe na medicina. Cada organismo tem a sua genética que determina que a caloria ingerida se acumula mais em gordura. Pessoas que comendo a mesma quantidade de comida, a mesma comida, engordam de forma diferente, mostrando claramente que a absorção é diferente.
8 – Por que é tão difícil para a maioria deixar de ingerir alimentos calóricos?
Os alimentos calóricos são os mais gostosos. Mas não colocar isso na sua alimentação é uma questão de hábito. Meus filhos desde cedo não receberam alimentos calóricos, como biscoitos recheados, pizzas, hamburgueres, doces e hoje eles não gostam. E eles sentem prazer com alimentos mais saudáveis. É hábito.
9 – Entre as diversas doenças que acometem obesos, quais são as que possuem maior incidência e trazem mais risco de vida?
Estaticamente o obeso tem tendência a ter mais doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial. Mas há dezenas de outras doenças que podem acometer o obeso, entra eles o câncer.
10 – Quais os problemas que envolvem a vida de um obeso mórbido? E qual o senhor acha que traz mais dificuldades no dia a dia?
O dia a dia prejudica hábitos de higiene íntima, entrar num ônibus, passar numa roleta, viajar num avião, não achar roupas adequadas, não se relacionar com as pessoas. Muitos acabam completamente deprimidos.
11 – Como são as restrições alimentícias de um bariatricado? Ele voltará a poder se alimentar normalmente como todas as pessoas e até uma vez ou outra cometer algum excesso?
No início ingere mais líquido, depois vai entrando a comida cada vez mais sólida até que fica absolutamente normal. O paciente nem é percebido como operado. Dependendo da técnica, no máximo vai tomar vitamina extra.
12- Quais os métodos de bariátricas mais crescem? Há novidades e novas tecnologias sendo aplicadas?
Não há novas tecnologias e peço que tomem cuidado com procedimentos endoscópicos sem critério. Tome muito cuidado com técnicas não autorizadas, busque profissional qualificado autorizado pelo Conselho Federal Medicina.