Saúde física e mental andam juntas 2022-03-29T18:39:53+00:00

Imprensa

Outubro de 2021

 

Saúde física e mental andam juntas: cuidar do corpo é cuidar do cérebro e vice-versa

Autoconhecimento é uma das chaves para quem está no processo de emagrecimento. É importante entender qual é a relação da pessoa com a comida para atacar o foco gerador, o gatilho que a leva a comer mais do que o organismo precisa. É muito comum as pessoas aumentarem a ingestão calórica quando estão mais ansiosas, nervosas ou deprimidas. Algumas perdem a fome, mas outras não. A comida é uma forma de dar prazer ao corpo e compensar outras questões que não vão tão bem. Até porque hoje acrescentamos sal, açúcar e gorduras aos alimentos, tornando-os muitos mais saborosos e prazerosos do que seriam in natura.

De acordo com a psicóloga Jaqueline Machado, da Clínica Cid Pitombo – Cirurgias Bariátricas, muitas armadilhas emocionais podem ser o gatilho para uma alimentação não saudável e a situação só vai piorando. “Brigas constantes em casa, falta de auto estima, não se sentir amado, não se sentir bem com o próprio corpo, sofrer críticas ou humilhações pelo corpo mais gordo, não ter emprego, não ter boa saúde no dia a dia, são vários os problemas que acabam a pessoa a comer mais e piorar ainda mais a sua situação”, explica.

E concomitantemente às avaliações emocionais, os pacientes obesos passam por investigações de causas orgânicas que podem estar aumentando a obesidade. “O estresse, por exemplo, altera a síntese de cortisol, e esse hormônio também provoca aumento de fome e de substâncias prazerosas, como o doce. A resistência à insulina é outro problema. Quando o organismo dá sinais de que há pouca glicose na célula e portanto falta energia, te induz a comer mais. A privação de sono também altera os hormônios e traz mais apetite. E fora isso, tem os próprios genes que atuam na obesidade. São tantos fatores envolvidos. Por isso, emagrecer para muitas pessoas é quase impossível e elas precisam de intervenção cirúrgica”, explica o médico Dr Cid Pitombo.

Mas como até mesmo para operar, muitos obesos mórbidos precisam perder até 20% do peso, o trabalho da equipe de psicologia consiste em descobrir o que causa desconforto e leva a pessoa a fazer da comida um ansiolítico e ajudá-la a focar no que quer mudar. “O que eu quero pra minha vida? Eu quero ser magro? Esse prazer é maior para mim? Então tem que focar nele. Eu ajudo muito as pessoas lembrando que a obesidade traz mais doenças. O esforço não é por estética. Entender as doenças ajuda a ter em mente a necessidade de estar em forma. Nossos pacientes precisam aprender a lidar melhor com a ansiedade e tratar a depressão. A ansiedade é um mal da nossa época. E cada um reage de uma maneira a ela. Pode buscar prazer em outras atividades. Dançar, fazer exercícios físicos, esportes. Meditar, praticar mindfulness, tem que encontrar prazer em outras atividades. Comer é bom, mas tem que ser consciente, saber parar na hora certa. E lembrar que dietas são temporárias e podem ser frustrantes. É preciso mudar o hábito alimentar de vez e isso muitas vezes requer ajuda de um psicólogo. Nós ajudamos a entender e perceber a relação om a comida. Perguntamos. Você tem fome de que? A comida está tapando qual buraco na sua vida? Não é só o do estômago. A terapia consegue mudar o comportamento e gradativamente vai mudando a relação com a comida. E esta tem porção, hora, e principalmente motivo certo para ser consumida. Entender isso ajuda o processo de emagrecimento. A pessoa precisa comer devagar, colocar pouca quantidade no talher, mastigar devagar, ter horário p comer. Não é apenas o que se come, mas como se come. Temos padrões enraizados, na família, hábitos errados, a família que não tem horário para comer. Por isso, o processo de emagrecimento não é tão rápido e necessita de ajuda de equipe multidisciplinar. Mudar exige esforço e dedicação. Por isso é importante preparar a mente para a ação. Uma nova vida, precisa de novos hábitos. E ajuda é fundamental neste processo. Mas o protagonista da mudança é o paciente. Ele não vai adotar dietas, vai ter reeducação alimentar. Quem busca bariátrica, se não mudar hábitos, vai ter novo reganho de peso. Não tem milagre. Saúde física e mental andam ajuntas”, finaliza.