Dia da Gula alerta para as doenças provocadas pela obesidade 2022-03-29T18:57:33+00:00

Imprensa

Janeiro de 2022

 

Dia da Gula: médico alerta para doenças provocadas pela obesidade

O médico especialista no tratamento da obesidade Cid Pitombo explica as principais doenças relacionadas à obesidade, indo além do colesterol alto. Pitombo é pesquisador do assunto há mais de 20 anos e responsável pelo tratamento dos também atores André Marques e Leandro Hassum

Dia 26 de janeiro é o Dia da Gula e muitos aproveitam a data para celebrar o exagero na alimentação, esquecendo que é até mesmo um dos pecados capitais. Mas assim, como existe o dia de algumas doenças, foi também um dia criado para alertar quanto aos riscos de comer exageradamente. De acordo com o Vigitel 2020, 57,5% da população adulta do Brasil está com excesso de peso (era 55,7% em 2019) e 21,5% da população está com obesidade (era 19,8% em 2019).

O médico Cid Pitombo, que há mais de 20 anos trata obesos mórbidos, enfatiza que os maus hábitos alimentares são hoje os grandes causadores de diversos problemas de saúde, que cada vez mais cedo, começam a atingir até mesmo as crianças.

“Nossa sociedade criou alimentos irresistíveis, todos eles com um sabor maravilhoso, mas cheios de substâncias que nos fazem muito mal: tudo tem ou muito açúcar, ou sal em excesso, ou gordura além do recomendado. Até mesmo as farinhas que poderiam ser menos inofensivas, acabam se tornando vilãs, porque usamos muita gordura, que pode vir do óleo ou da manteiga, e o pior, da margarina. O sal é um dos conservantes mais usados nos alimentos industrializados. As pessoas comem produtos industrializados sem conhecer o que foi colocado neles. E aí, como não ter gula diante de alimentos tão convidativos? É muito difícil controlar a ingestão em demasia quando estamos diante de pratos muito saborosos. Por isso, para ajudar meus pacientes super obesos a perder peso até conseguirem chegar ao peso ideal para fazer uma cirurgia bariátrica, eu recomendo para que se afastem das maiores tentações: festinhas, hamburguerias, pizzarias, rodízios. É nesses locais que muitas vezes comemos muito além da conta. Mas também há muitos casos em que o exagero acontece dentro de casa. Nós ensinamos as pessoas a escolherem alimentos ideais. Não tem mágica. Depois da bariátrica, o obeso passa a ter uma grande aliada que é a perda de apetite provocada também pelas mudanças hormonais. Mas enquanto não opera, e existe vontade de comer mais, a solução é comer o que engorda menos, que são os vegetais, os legumes corretos, as frutas com menor quantidade de açúcar (frutose), as carnes magras, o leite desnatado, carboidratos na proporção certa, grãos e as folhas verdes. Tudo o mais natural possível”, explica.

Confira abaixo mais algumas dicas do Dr Cid Pitombo para emagrecer:

1 – Troque o tipo de açúcar – converse com o nutricionista e veja qual adoçante é mais apropriado para o seu paladar. Há várias opções. E lembre-se sempre, há açúcar no bolo, no biscoito, no refrigerante. De preferência às frutas no dia a dia e quando o desejo de comer doce estiver forte. Morango, abacate, maçã, laranja lima, kiwi, pêssego, melão e melancia são boas opções com menor teor de frutose.

2 – Beba bastante água – além de ser importantíssima para hidratar, e melhorar o funcionamento do organismo em diversos aspectos, a água pode ajudar a driblar a fome. Tente ingerir ao menos dois litros por dia. E de quebra, ajude a saúde dos seus rins. Com mais água, é possível ter melhora da pele, unhas e cabelos! A água favorece também o funcionamento do intestino e a digestão.

3 – Pratique exercícios – A atividade física é importante, mas sempre sob orientação para não ter lesões. A atividade física é fundamental para o bom funcionamento do sistema cardiovascular, pulmões e todos os seus órgãos. Além de se uma ótima higiene mental.

4 – Estabeleça prazos factíveis – Nada se consegue da noite para o dia. Nem mesmo mudar os hábitos alimentares ou praticar atividade física. Porque tudo que se conquista à base de muito sofrimento, pode ser abandonado. Crie metas e vá aumentando aos poucos.

5 – Comer nas horas certas – ficar muito tempo sem comer pode te levar a querer devorar o que tiver. Fora isso, seu organismo vai começar a reter mais calorias para suprir a falta da ingestão do alimento.

6 – Procure ajuda médica – somente um médico pode analisar individualmente o seu organismo para identificar quais as possíveis causas para o sobrepeso e assim, compor, junto com outros profissionais, como nutricionista e psicólogo, um bom plano de perda de peso.

Cuide de sua saúde

De acordo com Cid Pitombo, um estudo feito pela Universidade de Birmingham, no Reino Unido, analisou 3,5 milhões de pessoas por 10 anos e concluiu que mesmo com exames saudáveis num primeiro momento estes obesos seguem tendo riscos de desenvolver problemas cardíacos e vasculares. Dos pacientes acompanhados, 61 mil desenvolveram doença coronariana com o passar do tempo, apesar de estarem metabolicamente saudáveis no início do estudo. Segundo a pesquisa, os obesos que pareciam saudáveis tinham risco 50% maior de desenvolver doença cardíaca do que as pessoas com peso normal. Além disso, os pacientes que estavam acima do peso tinham um risco 7% maior de ter doenças vasculares cerebrais e o dobro de risco de ter insuficiência cardíaca.

E complementa: “estar obeso, sabida e cientificamente, aumenta estatisticamente o aparecimento de dezenas de doenças, não só articular, muscular, cardiológica, pulmonar, bem como uma diversidade de doenças metabólicas como diabetes, alteração do colesterol, doenças renais e muitos tipos de câncer. E ainda temos as doenças psiquiátricas associadas, como depressão, isolamento social e até suicídio. Não estou afirmando que por ser obeso a pessoa está doente, assim como não falamos que por fumar, também está. O que estamos afirmando é que em ambas as situações se aumenta estatisticamente a chance de doenças quando comparada com a população que está no peso ideal e tem hábitos saudáveis. Quando me deparo com influenciadores e famosos difundindo a bandeira da obesidade, me preocupo. Estar obeso não deve ser nunca estimulado. O obeso precisa de orientação médica adequada”.

Doenças ligadas à obesidade – A diabetes é uma doença com maior relação com obesidade. Diversos são os estudos que demonstram essa relação. O aumento da gordura, principalmente a visceral (dentro da barriga) leva à produção de substâncias que prejudicam a ação da insulina e da glicose. O aumento de peso tem uma relação direta no aumento da pressão arterial, distúrbios no metabolismo do colesterol e triglicerídeos. Tudo isso leva a uma chance maior de infarto e desenvolvimento de doenças cardiovasculares associadas. As causas e a relação direta entre câncer e obesidade não é tão conhecida como a do diabetes e doença cardiovascular. Mas em um encontro de especialistas em câncer em 2007 ficou claramente demonstrada a relação entre alguns tipos de câncer e obesidade, como câncer de pâncreas, pulmão, cólon, esôfago, mama, rim entre outros. E estudos envolvendo quase 60 mil obesos mostraram a clara relação entre obesidade e depressão. E diversos são os estudos nessa área.

Já com relação à doença pulmonar, quando se acumula muita gordura no abdome isso irá comprimir o diafragma, o músculo que divide o tórax do abdome. Com isso, comprime-se o pulmão e se dificulta a respiração. Além disso, o tórax fica menos flexível. Substâncias inflamatórias também são produzidas e atrapalham a função pulmonar, elevando a incidência de doenças como bronquite e asma. Um exemplo que comprova esse fato, foi a alta mortalidade de portadores de obesidade durante a epidemia do Covid-19.

O obeso é um organismo delicado e que pode desenvolver distúrbios musculoesqueléticos. Difundir atividades físicas em obesos, sem a devida orientação, por exemplo, pode levá-los a lesões. Sabidamente, estar fora do peso aumenta a incidência de doenças osteoarticulares. Cerca de 1/3 das cirurgias de próteses de joelho no mundo são em obesos e a grande maioria das de quadril também.

Custo da obesidade – Hoje a obesidade já custa mais de 2,4% do PIB brasileiro. Vários são os trabalhos demonstrando que em um futuro não muito distante os sistemas de saúde não terão recursos suficientes para arcar com os custos das doenças associadas à obesidade. Não teremos como pagar a conta dos infartados, amputados, diabéticos e doentes renais. Estudo feito pela Universidade de Washington aponta a obesidade como uma crise de saúde pública em escala global. A análise dos pesquisadores norte-americanos foi feita com base em relatórios de 35 anos de observação, incluindo quase 200 países. Aproximadamente 30% da população mundial está acima do peso, sendo 600 milhões de adultos e 150 milhões de crianças. E mesmo aqueles que não estão exatamente no nível considerado de obesidade devem se preocupar: das 4 milhões de mortes atribuídas ao excesso de gordura em 2015, quase 40% ocorreram entre sujeitos com IMC entre 25 e 30, nível considerado como sobrepeso.

Perfil do especialista – O médico Cid Pitombo é especialista em tratamentos de obesidade e cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, tendo se tornado referência nacional em seu segmento de atuação, com 30 anos de experiência, sendo 22 com bariátricas. Ao longo de sua carreira, realizou cerca de 5,5 mil cirurgias. Entre elas, 3,5 mil foram pelo Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica do Estado do Rio de Janeiro entre 2010 e 2020, coordenado pelo médico. É proprietário da Clínica Cid Pitombo, onde realiza atendimento multidisciplinar para tratamento de obesidade, com acompanhamento psicológico e nutricional para cerca de 100 pacientes por mês, de todo o Brasil. Tornou-se ainda mais conhecido ao operar os atores André Marques e Leandro Hassum, que contribuíram fortemente para disseminar a importância da cirurgia bariátrica. Tem mestrado e doutorado em temas ligados à obesidade e é editor do livro Obesity Surgery: Principles and Practice. Mais informações podem ser obtidas pelo site da clínica.