Flexibilização traz risco para pacientes próximos de operar 2021-08-21T15:28:34+00:00

Imprensa

Julho de 2020

 

Flexibilização traz risco para pacientes próximos de operar

– Cid Pitombo, coordenador do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica, aplicou pesquisa ao fim do isolamento e descobriu quatro vezes mais infectadosnum universo de 240 pessoas que vão operar ou foram operados

A preparação para uma cirurgia bariátrica leva meses, às vezes anos. Passa por exames preliminares, dieta para emagrecimento, orientação psicológica, clínica e finalmente exames pré-operatórios. Com a chegada da pandemia, as cirurgias do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica do Hospital Carlos Chagas foram retomadas e dias antes, o coordenador do programa, o médico Cid Pitombo, realizou novo estudo com 240 pacientes obesos que vão operar em breve e recém-operados para saber se foram contaminados pelo novo coronavirus.

No início do isolamento, apenas 1 paciente que aguardava a cirurgia havia se contaminado. Agora em julho, são oito. Todos disseram que não saíram do isolamento, mas estima-se que não falam pelo receio de acabar perdendo a cirurgia.

Entre os operados, o isolamento era maior. Mas ao final do período de isolamento obrigatório, entre operados, os contaminados passaram de 2 para 5 casos. “Saímos de 86 pacientes isolados (78,1%) para 61 (51%). Isso nos preocupa muito porque eles ainda são vulneráveis e estão no grupo de risco por terem feito cirurgia muito recentemente e ainda serem obesos. Estou reforçando meus pedidos para que fiquem em casa ou se protejam mais caso saiam para trabalhar”, destaca o médico Cid Pitombo.

“A contaminação, além das questões próprias da doença, gera um enorme transtorno para o paciente e atraso na realização do sonho de ser operado. Estaremos realizando teste de Covid-19 na semana anterior e na data da cirurgia, não podemos correr o risco de operar ou transitar com pacientes contaminados no hospital, seremos rigorosos tanto na avaliação dos pacientes, como no cuidado de toda a equipe e materiais”.

A pesquisa mostrou também que a maior preocupação dos pacientes atualmente é adoecer (58%), seguida da falta de dinheiro (38%). Cerca de 67% estão desempregados. Do ponto de vista da saúde mental, 34% contam ter sentido ansiedade e 45% disseram ter medo do vírus. Apenas três pacientes mencionaram depressão e não houve nenhum relato de tentativa de suicídio.

A amostra – Para a pesquisa, foram avaliados 240 prontuários de pacientes que, contatados por telefone, puderam responder ao questionário. Dos que participaram, 75% eram mulheres e 25%, homens. O Índice de Massa Corporal (IMC – peso dividido pela altura ao quadrado) médio desses pacientes é de 46. O Dr. Cid Pitombo explica que esse IMC elevado se dá porque os casos de super obesidade são mais comuns no SUS – e a idade média, de 46 anos (variando entre 25 e 63 anos). As comorbidades mais frequentes dos pacientes ouvidos são hipertensão (63%) e diabetes (39%).

A maioria (57%) dos pacientes é de moradores da cidade do Rio de Janeiro e 43% de outros municípios do Estado, de diversas regiões, demonstrando a grande abrangência desse programa Estadual e o equilíbrio em atender tanto a cidade do Rio de Janeiro quanto os outros municípios, de forma proporcional.

Maior serviço deste tipo no SUS – O Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica, coordenado pelo dr Cid Pitombo no Hospital Estadual Carlos Chagas, atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) de todos os municípios do estado. Por mês, são realizadas 40 cirurgias, todas pelo acesso videolaparoscópico, que é minimamente invasivo. Até o momento, mais de 3.200 pessoas já foram operadas pelo projeto do Governo do Estado em 9 anos.