11 de outubro: Dia Nacional de Prevenção à Obesidade 2021-08-21T15:46:54+00:00

Imprensa

Outubro de 2020

 

11 de outubro: Dia Nacional de Prevenção à Obesidade

Cid Pitombo, médico especialista no tratamento da obesidade, fala sobre os riscos envolvidos. Jovem do Rio de Janeiro consegue emagrecer 100kg durante a pandemia e é exemplo de superação da doença que já se tornou uma epidemia mundial.

Onze de outubro é o Dia Nacional de Prevenção à Obesidade, uma doença que cresce cada vez mais, sendo considerada uma epidemia mundial: 600 milhões de adultos e 100 milhões de crianças estão obesas em todo mundo e cerca de 4 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência da doença. No Brasil, a proporção de obesos é de um em cada cinco pessoas. Especialista no tratamento da obesidade, o médico Cid Pitombo explica que a gordura prejudica o bom funcionamento de vários órgãos, como rins, fígado, pulmão, coração e pâncreas.

“Esses órgãos nos obesos funcionam no limite. Eles ficam naturalmente inflamados e não têm reservas. Quando esse indivíduo pega um vírus forte, como o coronavirus, por exemplo, seus processos inflamatórios podem ser ainda mais severos e os órgãos não suportam”, explica Cid Pitombo, que coordena o Programa de Cirurgia Bariátrica do Rio de Janeiro.

Pitombo esclarece que o mais agravante é que obesos têm uma resposta imunológica muito mais lenta. Ou seja, as substâncias que poderiam atacar vírus, como anticorpos e outras, não são produzidas com a mesma velocidade e intensidade como nas pessoas mais magras.

“Normalmente eles possuem mais açúcar e gordura no sangue, mesmo não sendo diabéticos. Algumas vacinas, por exemplo, não possuem a mesma eficácia porque obesos não produzem a quantidade esperada de anticorpos. É o que acontece com a da gripe H1N1. Ainda não sabemos como será com a vacina da Covid-19. Mas temos esse temor”.

A gordura visceral, localizada na barriga, chega a prejudicar o bom funcionamento do pulmão e a má oxigenação se reflete no corpo todo.

“Nesse momento, todos deveriam buscar o emagrecimento. E temos visto o contrário. As pessoas comendo mais do que o normal porque estão nervosas e com fácil acesso a comidas industrializadas”, destaca o médico Cid Pitombo, que é também coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica do Estado do Rio de Janeiro, onde pacientes chegam a perder 100 quilos antes da cirurgia apenas com orientação nutricional adequada.

Um deles é o João Rafael Zippel, 28 anos, técnico de Mecânica Industrial, morador de Seropédica, que entrou no programa em 2019, pesando 270kg, e de lá para cá perdeu 100kg.

“O meu segredo para emagrecer foi querer muito mudar a minha vida. Eu tinha um comportamento compulsivo com relação à comida. Reconhecendo que precisava mudar radicalmente, fui cortando tudo o que fazia mal ao meu organismo. Aos poucos, fui me adaptando. Depois da bariátrica espero ter uma vida normal, sem discriminação e conseguir emprego”, relata.

Estudo mostra impactos sociais da obesidade – Um estudo promovido pelo médico Cid Pitombo entre seus pacientes aponta que 86% das pessoas que passaram pelo tratamento da obesidade pararam de gastar mensalmente com medicamentos. Dos que estavam desempregados, 33% conseguiram uma colocação profissional após a cirurgia. E gastos com alimentação, higiene e vestuário diminuíram 50%.

“Só no Hospital Carlos Chagas, operamos cerca de 3500 pessoas. Eu conheço muito bem a realidade dos obesos. O impacto dessa doença é complicado Diabetes, hipertensão, lesões renais, câncer, dificuldade cardiovascular. A lista de doenças relacionadas à má alimentação é grande. E muitas pessoas ficam com problemas físicos e emocionais. Enfrentam dificuldades para estudar, trabalhar, se relacionar amorosamente, ter amigos, se divertir, usar uma roupa de que gosta, caber numa cama, cadeira ou sofá. Até a higiene pessoal fica prejudicada e aparecem doenças de pele. E o problema se estende aos familiares. Normalmente, ao menos uma pessoa da família tem que cuidar do obeso e também não consegue viver a sua vida normalmente”, diz.

Um estudo promovido pelo médico Cid Pitombo aponta que 86% das pessoas que passaram pelo tratamento da obesidade pararam de gastar mensalmente e com medicamentos. Dos que estavam desempregados, 33% conseguiram uma colocação profissional após a cirurgia. E gastos com alimentação, higiene e vestuário diminuíram 50%.

Daniele Lopes, 39, doméstica, relata que há dois anos precisava tomar remédio para controlar a pressão e o diabetes com regularidade. Mesmo com receita do SUS, a despesa apenas com essas duas medicações comprometia 10% do seu orçamento. Hoje, além de estar livre da obrigação de tomar remédio todos os dias, conseguiu um extra fixo num buffet, aumentando a renda, e conquistou qualidade de vida.

“A cirurgia bariátrica mudou minha vida completamente. Além de me dar a chance de ver meus filhos crescerem, eu tenho mais disposição para trabalhar, melhorei minha remuneração e ainda consegui um extra”, conta a doméstica Daniele Lopes.

Perfil do especialista – Cid Pitombo coordena o único serviço do Brasil a realizar 100% das cirurgias bariátricas por videolaparoscopia, método menos invasivo e mais seguro. Além do programa no SUS, mantém sua clínica privada, onde trata de pacientes como os atores André Marques e Leandro Hassum. Há 25 anos, ao sair da faculdade, Pitombo foi para os Estados Unidos se especializar em cirurgia laparoscópica. Ao final do mestrado e doutorado, rodou grandes centros de cirurgia bariátrica nos EUA. Logo percebeu que os conhecimentos sobre laparoscopia e obesidade eram uma área a ser explorada. Juntou-se aos grandes nomes da cirurgia bariátrica, experimentou diferentes técnicas, operou e deu aulas em diversos países e se tornou referência no Brasil em cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, técnica que utiliza em todas as unidades em que opera.